segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Governo revela retrato da nova classe média brasileira


      Na última década, 31 milhões de pessoas entraram na classe média brasileira. Atualmente, cerca de 95 milhões fazem parte desse estrato social, com renda familiar entre R$ 1.000 e R$ 4.000. São, sobretudo, jovens, com emprego formal, alto potencial de consumo e características heterogêneas. É o que mostra o Classe Média em Números, lançado nesta segunda-feira (8/8) pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência (SAE). O levantamento traz um perfil detalhado da nova classe média brasileira, feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). O estudo tem por objetivo traçar as características desse grupo social, com vistas a subsidiar o governo na definição de políticas públicas específicas para o setor.

Em 2003 a classe média correspondia a 40% da população, proporção esta que saltou para 52% seis anos depois. Em termos absolutos, a classe baixa, por sua vez, caiu de 85 milhões para 61 milhões nesse período. Ao fim de 2003, quase 40% da população brasileira vivia abaixo da linha da pobreza, sendo que em 2009, 24% dos brasileiros estavam nessa situação. Essa ascensão acelerada é resultado das políticas de proteção social, da retomada do crescimento econômico inclusivo, da expansão do emprego e do acesso ao crédito, assim como do aumento no grau de escolarização da sociedade.

A queda na pobreza foi acompanhada pela redução no grau de desigualdade no país, fazendo inchar a classe média. Na última década, a taxa de crescimento na renda per capita dos 10% mais pobres foi quase quatro vezes a taxa de crescimento entre os 10% mais ricos, segundo dados da Pnad.

Perfil da classe C – Proporcionalmente, a classe média é a que concentra a maior quantidade de jovens entre 20 e 24 anos. Ao todo, 9,3% da classe C estão nessa faixa etária, contra 7,8% da classe alta e 7,7% da baixa. A maior parte das famílias, 63%, possui apenas um ou dois filhos. Em termos raciais, os negros, que em 1999 correspondiam a 36% da classe média, 10 anos depois passaram a responder por quase metade desse estrato social (48%). Apesar disso, entre a classe baixa eles ainda são a grande maioria (67%).

A concentração na zona urbana e em cidades de pequeno porte se mostrou uma característica marcante da nova classe média, conforme demonstra o levantamento. Cerca de 90% das famílias que ganham entre R$ 1.000 e 4.000 vivem em áreas urbanas e quase metade (45%) em cidades de pequeno porte. A grande maioria dessas pessoas (48%) vive na região Sudeste, enquanto o Nordeste ainda concentra a maior parcela dos pobres (48% da classe baixa brasileira).

Cerca de 60 milhões de trabalhadores estão nessa faixa mediana de renda, o que corresponde a 58% da mão de obra ativa no país. Desse total, 42% trabalham com carteira assinada, sobretudo nas áreas de comércio, reparação e indústria de transformação.  A Educação é outra preocupação desse novo grupo. Cerca de 40% da classe C tem de 8 a 11 anos de estudo e, de todas as despesas com educação feitas no período de 2008 a 2009 em todo o país, essas pessoas foram responsáveis por 42%.

Como navegar pelo Classe Média em Números?

O levantamento apresenta o perfil das três classes de renda brasileiras (baixa, média e alta), dividido em características pessoais (raça, faixa etária, sexo), regionais, educacionais, habitacionais, participação no mercado de trabalho, composição familiar e consumo. Pertencentes à classe média estão aqueles que possuem renda familiar mensal de R$ 1.000 a R$ 4.000 (renda per capita de R$ 250 a R$ 1.000).

A ferramenta possibilita duas formas de consulta. Na análise transversal é possível obter números detalhados de cada uma dessas características ano a ano de 1999 a 2009. Para isso, antes de iniciar a busca basta escolher o ano de consulta e o tipo de dado desejado, nacional ou por região (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul). Informações estaduais podem ser obtidas dentro de “características regionais”, tanto na consulta nacional, quanto na regional.

A análise longitudinal, por sua vez, traz gráficos sobre cada uma das características mostrando a evolução na última década (também em termos regional e nacional).
 
Entenda a análise transversal

Em cada uma das características, a consulta transversal possibilita dois tipos de análise “distribuição por característica segundo a classe de renda” (primeira tabela) e “distribuição por classe de renda segundo a característica” (segunda tabela). A primeira delas apresenta dentro de cada classe social qual a porcentagem de pessoas que possui cada uma das características sugeridas (por exemplo, em 2009, 49% da classe média era composta por homens e 51% por mulheres).

Já a segunda tabela demonstra qual a participação de cada uma das classes sociais dentro de uma mesma característica (usando o mesmo exemplo, entre todas as mulheres brasileiras, 34% estão na classe baixa, 52% na média e 14% na baixa).

A íntegra do estudo pode ser acessada na página:
www.sae.gov.br/novaclassemedia

 
BRASIL – dados sobre a classe média

Em 10 anos (de 1999 a 2009), 31 milhões de pessoas ingressaram na classe média. De 2003 a 2009, 26 milhões de pessoas entraram na classe média.

1.0 Características pessoais da população por classe de renda em 2009

População: 182 milhões

Classe Baixa: 61 milhões (34% da população) – sendo que 33% branco ou amarelo// 67% negros

Classe Média: 95 milhões (52% da população) – sendo que 52% branco ou amarelo// 48% negro (45,5 milhões de negros)
49% de homens e 51% de mulheres
53% de pessoas entre 25 e 64 anos
18% de jovens entre 15 e 24 anos (17 milhões de jovens)

Classe Alta: 26 milhões (14% da população) – sendo que 74% branco ou amarelo// 26% negros

- Da população negra (93 milhões) – 44% estão na baixa, 49% na média e 7% na alta
- Da população branca e amarela – 23 % estão na baixa, 56% na média e 22% na alta

1.1 Características pessoais da população por classe de renda em 2003
 

População: 172 milhões


Classe Baixa: 85 milhões (49% da população) – sendo que 38% branco ou amarelo// 62% negro

Classe Média: 69 milhões (40% da população) – sendo que 62% branco ou amarelo// 38% negro (26 milhões)

Classe Alta: 18 Milhões (11% da população) – sendo que 82% branco ou amarelo// 18% negro

- Da população negra (82,5 milhões) – 64% estão na baixa, 32% na média e 4% na alta
- Da população branca e amarela – 36% estão na baixa, 48% na média e 17% na alta
 
1.2 Características pessoais da população por classe de renda em 1999
 
População: 159 milhões
Classe Baixa: 78 milhões (49% da população) – sendo que 40% branco ou amarelo// 60% negro

Classe Média: 64 milhões (40% da população) – sendo que 64% branco ou amarelo// 36% negro (23 milhões)

Classe Alta: 18 milhões (11% da população) – sendo que 84% branco ou amarelo// 16% negro

- Da população negra (71,5 milhões) – 65% estão na baixa, 31% na média e 4% na alta
- Da população branca e amarela – 36 % estão na baixa, 47% na média e 17% na alta
 
2.0 Características Regionais da População por Classe de renda em 2009

89% da população da classe média vivem em zona urbana contra 11% em zona rural. Entre as pessoas que vivem no meio rural, a maioria (57%) permanece na classe baixa, contra 39% na média. Entre a população da cidade, 54% estão na classe média.

45% da população de classe média vivem em cidade de pequeno porte, 32% em região metropolitana e 23% em cidade de médio porte.
 

Quase metade da classe média brasileira (48%) vive na região Sudeste, enquanto quase metade da população de baixa renda (48%) se concentra na região Nordeste.

Na região Norte, 44% da população estão na classe baixa, 47% na média e 9% na alta.

Na região Nordeste, 56% da população estão na classe baixa, 38% na média e 6% na alta.

Na região Sudeste, 22% da população estão na classe baixa, 59% na média e 18% na alta.

Na região Sul, 20% da população estão na classe baixa, 60% na média e 19% na alta.

Na região Centro-Oeste, 27% da população estão na classe baixa, 56% na média e 17% na alta.

Santa Catarina (64%), São Paulo (61%) e Rio Grande do Sul (60%) são respectivamente os estados que têm a maior porcentagem de sua população na classe média. Maranhão (36%), Piauí (37%), Paraíba (37%), Ceará (38%) e Pernambuco (39%), são os que possuem proporcionalmente um percentual menor da população na classe média.
 
3.0 Características de mercado de trabalho da população por classe de renda em 2009

Classe Baixa: 45% trabalhando, 9% desempregado e 46% inativo

Classe Média: 60% trabalhando, 4% desempregado e 36% inativo
De todo o mercado de trabalho brasileiro (104 milhões) – 58% estão na classe média (60 milhões de trabalhadores)
Desses 60 milhões de trabalhadores
- 42% têm carteira assinada, 19% trabalham sem carteira, 19% trabalham por conta própria, 11% são funcionários públicos, 3% são empregadores e 6% não remunerados.
- 20% trabalham na área de comércio e reparação
- 16% trabalham na indústria de transformação
- 12% trabalham na área agrícola
- 9% com serviços relacionados a educação, saúde e serviço social
- 8% construção
- 8% serviços domésticos

Classe Alta: 67% trabalhando, 2% desempregado e 31% inativo

4.0 EDUCAÇÃO 2009


A média de escolaridade da classe média com até 25 anos é de 9,9 anos de estudo.
40% da população de classe média têm de 8 a 11 anos de estudo, contra 36% da classe alta e 27% da baixa.
63% das pessoas com 11 anos de estudo são da classe média contra 22% da classe alta e 16% da baixa
50% das pessoas com 12 a 14 anos de estudo são da classe média contra 45% da classe alta e 5% da baixa
29% das pessoas com 15 anos ou mais de estudo são da classe média, contra 68% da alta e 3% da baixa
42% das despesas com educação no Brasil entre 2008 e 2009 foram feitas pela classe média e 51% pela classe alta.
 
4.1 EDUCAÇÃO 1999

A média de escolaridade da classe média com até 25 anos é de 8,3 anos de estudo.
33% da população de classe média têm de 8 a 11 anos de estudo, contra 37% da classe alta e 13% da baixa.
58% das pessoas com 11 anos de estudo são da classe média contra 27% da classe alta e 16% da baixa
41% das pessoas com 12 a 14 anos de estudo são da classe média contra 54% da classe alta e 5% da baixa
24% das pessoas com 15 anos ou mais de estudo são da classe média, contra 74% da alta e 2% da baixa

5. CONSUMO E DESPESA


91% da classe média têm telefone fixo ou celular – 86,5 milhões de pessoas (em 2003 eram 79% - 54,5 milhões)
6 a cada 10 pessoas que têm computador no Brasil são da classe média (39 milhões de pessoas) - (em 2003 eram 5 a cada 10 – 12,5 milhões)
56% dos que têm acesso à internet no Brasil são da classe média, o que corresponde a 28,5 milhões de internautas (Em 2003 eram 43% - 8 milhões)
A classe média foi responsável por 49% dos gastos com vestuário entre 2008 e 2009, contra 33% da classe alta.
52% das despesas com higiene e cuidados pessoais no Brasil entre 2008 e 2009 foram feitas pela classe média e 28% pela classe alta.
53% das despesas com perfume no Brasil entre 2008 e 2009 foram feitas pela classe média e 26% pela classe alta.
51% das despesas com cabeleireiro no Brasil entre 2008 e 2009 foram feitas pela classe média e 35% pela classe alta.
(Informações Assessoria Comunicação SAE)


Um comentário:

  1. As vezes me pergunto se todos esses números servem de alguma coisa, visto que as coisas não mudam.. ou mudam, mas muito lentamente, quase imperceptível!

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